Demorou. Mil e dois gols passaram, mas o “Peixe” saiu de cena. Não dá para contar a carreira do “Baixinho” simplesmente em anos. Seria um sacrilégio para quem se intitulou deus e nomeou seus reis, príncipes e bobos. O piloto do ônibus, que não aceitava qualquer um e que funcionava como um trator ao bater de frente com os desafetos, com uma língua tão ágil quanto seus movimentos em seu terreno predileto, a grande área adversária, parou. Alguns dizem que já estava na hora, mas Romário há muito já se deliciava por não ter hora para sair ou chegar. Um poeta no gramados, um boêmio inveterado, que na idade viu a máscara da marra cair, mostrando que poderia chorar e mesmo sorrir ao receber um presente especial, em forma de Ivy, enviado pelo real Deus. “O Cara” vai deixar saudades, um vácuo nessa competição de tão pouco glamour que se tornou o futebol. Em seus jogos, não se cobrava ingresso, só couvert artístico, onde até o torcedor, teoricamente adversário, levantava para aplaudir sua obra mais perfeita. Mil e duas vezes Romário. A bola ficou mais triste com a sua partida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário