quarta-feira, 26 de agosto de 2009
Funk na ALERJ
Há algum tempo atrás, ou melhor, no século passado, o samba, hoje respeitado, como merece, diga-se de passagem, era tido como música de vagabundo, bandido, vadio. Hoje, a ALERJ está discutindo sobre a possibilidade do Funk virar movimento cultural. O Funk tão discriminado, estigmatizado pelos proibidões e pelas letras de baixo calão. Mas vamos continuar no paralelo com o samba. Me sinto á vontade, já que sou sambista(não pagodeiro, por favor. Nada contra, mas nada a favor), de pegar letras de Bezerra da Silva, o chamado sambandido, com ironia, tratando a hipocrisia da sociedade de forma popular. No funk, realmente, algumas letras não me agradam, nem a eguinha pocotó, nem o balançar da lacraia, mas o querer ser feliz na comunidade, a exaltação ao centenário do Flamengo, as duas aranhas de Raul Seixas na versão batidão e por aí vai, o que dizer? Na adolescência, sempre freqüentei os bailes nas comunidades, sem nunca ter experimentado drogas, mas exposto às armas dos traficantes, que nunca me ameaçaram. Não é apologia. Como jornalista, estou apenas reportando os fatos. A violência é inerente ao funk, ao hip hop, ao rock ou qualquer outro movimento de cunho popular, que reúne multidões, onde a totalidade é reflexo apenas do que a sociedade produz. Hoje, não digo que frequento(e vou sofrendo porque meu computador ainda bota trema, mas eu tiro e ele coloca. Melhor tomar cuidado senão botam o batidão e a última frase vira refrão), mas quando rola “o som de preto, de favelado,” não consigo ficar parado. A idade já não permite determinadas estripulias, mas arranho uns passinhos das antigas. E o funk subiu, literalmente, o morro, só que o da Urca. Pela Jovem Pan e Paradiso FM, pude constatar o efeito que o som das favelas exerce sobre as classes mais abastadas, que não tem a sensualidade das mulheres do gueto - e que sensualidade. Para quem gosta, a mulherada requebrando e rebolando até o chão é coisa de louco. Gosto muito - mas que tentam se aproximar. Sinceramente, nem sei se a decisão dos nossos políticos vai alterar algo, mas se acabar com a repressão da lei de algum desavisado já está valendo. Mas o funk já é movimento cultural, com letras boas ou ruins, como a MPB e outros gêneros musicais. Ou você nunca ouviu “cagar é bom”? Mas o importante é ver os funkeiros lutando pelos seus direitos, mostrando organização e buscando sair da marginalização.
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